Adriel Silva Pinto
1 min readJul 16, 2020

naquela cidade pequena do Goias

já era tarde da noite, na rua não se via nem as crianças nem os pais vigilantes. de longe vinha uma brisa, porque nestas terras o calor impera. ao longe de baixo de um poste deu pra perceber um portão se abrindo em meio a penumbra, sai filho, e depois sai mãe. aquele com um saco na mão, vários na verdade, coloca na calçada, a cidade lá ao fundo se mostra. o filho pára pra contempla, a mãe inquieta arruma os lixos no chão, inquieta passa aos mãos de cima pra baixo na saia, como que se querendo apressar. o filho calmo e contemplativo olha bem distante, quase que na busca de um lugar, quase que na busca de alguém que se encontra longe. é bonita a vista, a deles também, mas principalmente a desse enquadro dialético, de um lado a mãe que por viver bastante tempo, por ser rotineiro demais, quando sai em noites assim nem se quer olha, porque já fez demais, mas principalmente porque ninguém fez com ela. do outro lado, o filho, com ares de cidade grande, de uma vivência além dali, buscando olhar, aquele lugar que não foi olhado na infância. ele consegue. ela fica mais, depois de um possível diálogo; agora os dois estão em silêncio, olhando a cidade de cima, e mesmo que a visão estejam paralela os dois estão olhando pra dentro, principalmente um do outro.