carta a um comentário de minha mãe

mãe, eu nunca tive medo de perder. mas perder no sentindo mais suculento da palavra. perder sem lembrar o que está na outra margem, perder sem poder saber o que é vitória. eu fracassei anos a fio, fui um vencedor nas derrotas, contraditório? não. mas eu nunca me importei com ir de novo, mesmo que desde o primeiro passo já existisse o gosto e cheiro da derrota. no final eu aprendi a ser um bom perdedor, aprendi que não dá pra vencer sempre, ou não dá pra vencer; mas mãe, o que eu nunca fiz foi parar, tentar o novo, acordar esperando nascer um sol de outra galáxia, e por isso sem medo de olhar para céu. a senhora já está na meia vida e sabe que se o tempo é tão importante, importante vai ser o sofrimento; e eu não vivo disso, eu me conformo com a busca, eu me fracasso na vitória, eu choro na alegria;